O que é a Síndrome de Gilbert?
A síndrome de Gilbert, embora seja uma condição relativamente comum, é frequentemente mal compreendida. Também conhecida como hiperbilirrubinemia não conjugada benigna, é uma condição hereditária que afeta o fígado. Ela se caracteriza por uma redução na capacidade do fígado de processar a bilirrubina, um pigmento amarelo que se forma quando os glóbulos vermelhos antigos do sangue são quebrados. Como resultado, a bilirrubina se acumula no sangue, causando uma leve icterícia, ou seja, uma coloração amarelada na pele e/ou no branco dos olhos.
A síndrome de Gilbert é uma das causas mais comuns de níveis elevados de bilirrubina no sangue. Estima-se que afete cerca de 3 a 7% da população mundial. Ela é mais comum em homens do que em mulheres e é frequentemente diagnosticada na adolescência ou no início da idade adulta, mas o seu diagnóstico pode ocorrer mais tardiamente também.
Entendendo o problema…
Quando as células vermelhas do sangue ficam velhas, elas sofrem um processo de degradação, onde o fígado tem um papel crucial. Ao morrerem, as células vermelhas velhas são convertidas em bilirrubina. Essa substância é eliminada do corpo através do fígado, em um processo que depende de uma enzima codificada pelo gene UGT1A1. O cerne do problema na Síndrome de Gilbert reside na diminuição da capacidade do fígado de processar essa bilirrubina devido a uma mutação no gene UGT1A1. Dessa forma, essa enzima funciona de maneira reduzida, levando ao acúmulo da bilirrubina no sangue, causando o amarelão.
A Síndrome de Gilbert causa sintomas?
Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, em muitos casos, os pacientes podem não apresentar nenhum sintoma. No entanto, quando presentes, eles podem incluir:
- Icterícia leve, que se manifesta como uma coloração amarelada na pele e/ou nos olhos.
- Fadiga ocasional.
- Perda de apetite.
- Desconforto abdominal leve.
- Aversão a alimentos gordurosos.
A doença geralmente se manifesta em surtos, ou seja, os pacientes passam a maior parte do tempo sem sintomas e esses geralmente surgem, de forma transitória, durante períodos de estresse, como ansiedade, jejum prolongado, infecções, exercício físico extenuante…
Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Gilbert?
O diagnóstico da síndrome de Gilbert geralmente é sugerido com base na história clínica do paciente, que apresenta perídos transitórios de coloração amarelada da pele e/ou dos olhos. Para corroborar o diagnóstico, podem ser realizados exames de sangue para medir os níveis de bilirrubina, sendo que a bilirrubina indireta estará levemente elevada nas crises. É importante ressaltar que a síndrome de Gilbert não causa anormalidades nas enzimas hepáticas, o que a distingue de outras condições. Uma avaliação médica por um Gastroenterologista é fundamental para a correta identificação da síndrome.
Como é o tratamento?
Felizmente, a síndrome de Gilbert não exige um tratamento específico na maioria dos casos. Os pacientes podem adotar algumas medidas para lidar com os sintomas, tais como:
- Manter uma alimentação equilibrada.
- Evitar o consumo excessivo de álcool.
- Evitar jejum prolongado.
- Gerenciar o estresse.
Para prevenir as crises ou a piora dos sintomas da Síndrome de Gilbert, é importante adotar um estilo de vida saudável e evitar situações de estresse extremo. Além disso, é fundamental comunicar a condição ao seu médico e seguir suas orientações para gerenciar a síndrome de forma eficaz.
Dúvidas frequentes:
1. A Síndrome de Gilbert é uma condição genética?
Sim, a Síndrome de Gilbert é uma condição hereditária. Ela é causada por uma mutação no gene UGT1A1, que é responsável por produzir uma enzima envolvida na conjugação (metabolismo) da bilirrubina. Essa mutação é passada dos pais para os filhos e pode ser transmitida de forma autossômica recessiva.
2. A Síndrome de Gilbert está associada a outras complicações hepáticas?
Em geral, a Síndrome de Gilbert não está associada a outras complicações hepáticas graves. É uma condição benigna que afeta principalmente o processamento da bilirrubina. No entanto, é importante que os pacientes com Síndrome de Gilbert façam acompanhamento médico regular para monitorar sua saúde hepática.
3. Quais são os desencadeadores comuns de crises da Síndrome de Gilbert?
Além de situações de estresse e jejum prolongado, outros desencadeadores comuns de crises podem incluir infecções, excesso de exercício físico e alterações na dieta, como o consumo de alimentos muito gordurosos.
4. A Síndrome de Gilbert é a única causa de amarelão?
Não! A Síndrome de Gilbert não é a única causa de amarelão, também conhecido como icterícia. Existem várias outras condições médicas que podem levar ao amarelamento da pele e dos olhos, e a icterícia é um sintoma que pode ocorrer em diferentes doenças hepáticas e não hepáticas. Portanto, é fundamental que um profissional de saúde especialista avalie a icterícia de um paciente para determinar a causa subjacente, pois as abordagens de diagnóstico e tratamento podem variar consideravelmente dependendo da causa.
5. A Síndrome de Gilbert pode evoluir para uma condição mais grave no futuro?
A Síndrome de Gilbert em si não costuma evoluir para condições mais graves. No entanto, é essencial que os pacientes com a síndrome realizem exames de acompanhamento regularmente para monitorar sua saúde hepática e garantir que não haja complicações adicionais. O tratamento é voltado para o manejo dos sintomas e a prevenção de crises, mas a condição não costuma levar a danos hepáticos significativos.
A Síndrome de Gilbert, embora não seja uma condição grave, pode ser desconfortável para aqueles que a possuem. No entanto, com o entendimento adequado da doença, o acompanhamento médico regular e a adoção de um estilo de vida saudável, os pacientes podem aprender a conviver bem com a síndrome e minimizar seus efeitos. Lembre-se de que cada caso é único, e o acompanhamento médico é fundamental para determinar a melhor abordagem para o seu quadro específico.
Matheus Vanzin Fernandes – Doctoralia.com.brhttps://drmatheusvfernandes.com.br
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